terça-feira, 4 de março de 2008

Reflexões - Parte II

A análise do que se vai passando com a Saúde em Portugal é um exercício mental que tem tanto de elaborado quanto de engraçado. Diria que este assunto tem sido elucidativo do quão imatura a sociedade civil portuguesa, que neste como noutros assuntos se deixa manipular por atoardas mal intencionadas, manifesta ser! Acredito plenamente que a maioria dos que opinam e comentam estes assuntos não conhece ou jamais se deu ao trabalho de ler o Portal da Saúde (http://www.portaldasaude.pt/) e ao invés disso preferiu tecer críticas mesquinhas e pouco fundamentadas acerca das opções estratégicas que têm sido seguidas nesta matéria.


É engraçado ouvirmos as mesmas pessoas reclamarem pela existência de médicos de família para todos, por um atendimento rápido e eficaz em todos os Centros de Saúde, pela existência de um serviço de urgência (muitas vezes pseudo urgência) no seu “quintal”, pela existência de uma ambulância em cada garagem e de uma VMER – Viatura Médica de Emergência e Reanimação - em cada 2 garagens! E mais; esses são os mesmos que consideram que o orçamento do Ministério da Saúde é excessivamente grande e que a carga fiscal sobre os contribuintes portugueses é excessiva!!


Meus caros, parece-me que não é preciso sermos muito inteligentes para percebermos que isso não é nem técnica nem financeiramente possível. Para termos todos médico de família é necessário que eles não estejam ocupados em pseudo urgências nocturnas que atendem 2 pessoas por semana. Para sermos atendidos atempadamente e com eficácia no Centro de Saúde é necessário que a rede de Centros de Saúde esteja bem definida em termos geográficos, para termos uma urgência em cada “quintal” (que ainda por cima são urgências que reencaminham na maioria das vezes as pessoas para hospitais mais diferenciados) e para termos uma ambulância em cada garagem e uma VMER em cada 2 garagens são necessários recursos humanos e financeiros significativos e portanto é preciso aumentar impostos.


O sistema tem que ser integrado, racional e equilibrado quer em termos de capacidade de resposta, quer em termos do esforço financeiro que exige. A reforma que está a ser feita não é de certeza perfeita mas é sem dúvida útil e indispensável. Como qualquer reforma e qualquer mudança em última análise, tem criado resistências diversas e normais. Vivemos numa sociedade preenchida por diversos grupos de interesse dos quais todos fazemos parte. Temos todos o direito de discordar das políticas, das estratégias e das decisões mas temos também todos o dever de usar a capacidade para pensar e para agir com responsabilidade e ponderação. Tenho pena que neste assunto tal não tenha acontecido ultimamente e entristece-me a forma como as pessoas se deixam manipular em manifestações imbecis quando não fazem a mínima ideia do que está em causa, das implicações da mudança e das motivações dessa mesma mudança.


Aceito e concordo com aqueles que sentem que esta mudança deveria ter sido mais planeada e comunicada. Sei contudo que os órgãos de comunicação social estão mais dispostos a publicitar “folclore” do que em ter uma atitude pedagógica de informação da população. Mais uma vez é pena…


No meio de tudo isto sinto-me no direito de exigir, como cidadão, que o dinheiro dos contribuintes, que é finito, seja usado em beneficio das pessoas como me parece ser o caso desta reforma da Saúde e que os organismos estatais (a começar pelo Governo) sejam exemplo de rigor e de contenção. Mas porque o sistema nos envolve a todos, considero que a Saúde em Portugal precisa de uma sociedade madura e responsável! E isso também é URGENTE.

1 comentário:

Unknown disse...

O menino escreveu....
;-)