sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Morte, saudosa Morte...

Aqui fica um texto do Camilo (TAE Cantanhede) enviado à Dra. Regina Pimentel e que depois foi partilhado com todos.
Depois das devidas autorizações do autor, o transcrevo aqui...
"Há algum tempo escrevi este texto tentar explicar a mim proprio que significado teria a morte e qual a forma como eu a teria de sentir e vivenciar, acho que faz sentido acreditar que a morte é apenas uma forma de elevação e transcendencia e não de desaparecimento, ofereço-lhe a si, depois de ler o seu mail a proposito do nosso grande amigo Carlos, espero que goste, um abraço...

Morte, saudosa Morte...
De onde vens, para onde vais, boa ou má, diz-me lá afinal quantas faces tens...
Morte, saudosa Morte...
Condição intima do ser, fatalidade do destino, erro crasso do Homem ou mera
vontade de Deus Criador...
Qual força, qual sentimento, qual razão terás tu oh! Morte, para escolher entre
os demais, para banalizar todos os anseios e os alentos dos Homens, ditos os
grandes Seres do Mundo...
Impregnada a cada mudança de lua, vens de mansinho como um ledo passarinho,
e, sem que ninguém se aperceba vais levando quem mais amas ou quem mais te
apraz, não deixando a esta frágil existência um porquê um indicio uma razão ou
um aparente motivo.
Navegas escondida por entre a bruma e o breu, deixando-nos este sentimento
funesto consumir a alma que jaze, que cai inerte no chão frio tépida e
desamparada ao ver-se apartada de quem ama, e de quem nos quer vem,
sempre!!!...
Sempre, cedo demais....
Talvez sejas o expoente máximo da existência, onde tudo se acaba e se
reabsorve para o sem fim, lá longe onde tudo se converte em terra, em dádiva e
fertilidade.
No entanto és uma faca de dois gumes “Amor e Ódio”...
Para uns és dor, angustia e desespero profundo, para outros és o simplesmente
ponto de partida para a emancipação dos tempos, para elevação da honra e do
carácter...
Para outros és o retrato imóvel da perda, do sentimento da inanidade, da
partida para o sem fim, és a água do rio que chegara tão cedo à sua foz. Para
outros és o culminar da grandeza da Paixão, a elevação aos céus dos
sentimentos nobres, pois o que é nobre e santo, a Deus pertence, e o que é vil e
ignóbil, pertence à Terra e na Terra se consome.
Morte, saudosa Morte...
Diz-me lá, quantas faces tens?...
No fim de tudo, depois de pesadas na balança da vida todos os condicionalismos
do ser, não serás mais do que um mero colapso do corpo que pertence à Terra e
lá se consome, pois a alma é imensa, nobre e resplandecente e, a Deus pertence,
como tal permanecerá eternamente gravada com tinta de alentos e de júbilos
no pesado livro dos séculos, que trespassa para sempre todo o eternamente.
Assim como disse Jesus de Nazaré na sua penosa jornada, “ Eu sou a
Ressurreição e a Vida Quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá”.
Queima-se o corpo mas a alma permanecerá viva no sótão do nosso coração, e
sentado ao lado do Senhor exultando a sua glória celeste...
Morte, saudosa Morte...
Diz-me lá afinal, quantas faces tens?... "

João Camilo
TAE Cantanhede

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