terça-feira, 5 de janeiro de 2010

No fim da linha... há uma estrela

Não se ganham fortunas. O gosto pela área da emergência médica une “uma família muito grande”. Em Coimbra, na delegação regional do Centro, são 314. Melhor recompensa? Basta o “obrigado” no... tom de voz.
À luz dos protocolos estabelecidos, o Instituto Nacional de Emergência Médica atribui a ambulância e em cada serviço e as corporações de bombeiros fornecem a tripulação, o que ainda hoje se verifica. As Viaturas de Médicas de Emergência e de Reanimação foram o passo seguinte e, por definição, explica o enfermeiro de back office e assessor da direcção, Paulo Varela, “são a extensão do serviço de urgência à comunidade”. Ao serviço nos hospitais, contam com equipas (médico e enfermeiro) oriundas dos “próprios hospitais”, num “esquema” semelhante aos postos de emergência médica, existentes nos bombeiros. O “grande boom”, acrescenta, surgiu no Euro’2004 com a necessidade de “se organizar o apoio médico/sanitário” à competição, nomeadamente através da montagem de um sistema de emergência nas imediações dos estádios, vias de acesso e nas próprias infra-estruturas desportivas. “Foram colocados muitos meios na rua e foi dada formação aos profissionais envolvidos”, lembra.Em 2007 a experiência adquirida no Euro”2004 “foi aproveitada” e começaram a surgir “equipas profissionalizadas” num processo com algumas diferenças no capítulo da formação. “Os bombeiros têm o curso de tripulante de ambulância de socorro e as equipas do INEM têm os chamados TAE, técnico de ambulância de emergência. Têm a mais a formação da desfibrilação automática externa (DAE)”, refere.No futuro, acrescenta Paulo Varela, “far-se-à o alargamento da DAE aos bombeiros mediante a criação de uma nova estrutura que permita a formação na DAE e a auditoria, que é extremamente importante; ou seja, captar em todos os casos de desfibrilação em que o equipamento entre em funcionamento, através de um auditor, os procedimentos correctos e incorrectos”. E prosseguiu: “a DAE também é isso, não é só chegar e desfibrilar”.A reestruturação, em 2007, da rede de diferenciação de urgências, em consonância com o Ministério da Saúde, levou ao lançamento pelo INEM do Serviço de Ambulâncias de Emergência. Passaram a existir três níveis de prestação de cuidados: suporte básico de vida (ambulâncias tripuladas por dois técnicos de ambulância de emergência), suporte imediato de vida (ambulâncias tripuladas com um enfermeiro e com um técnico de ambulância de emergência – SIV) e suporte avançado de vida (tripuladas por enfermeiro e médico). Paulo Varela entende que as VMER “não podem ser operacionalizadas” em zonas onde as viaturas SIV – suporte imediato de vida – sejam opção válida. O funcionamento em rede – quer na rede interna do INEM, quer na rede dos bombeiros – permite que no pré-hospitalar “qualquer meio que seja accionado para o terreno, se necessitar de apoio diferenciado, através da passagem de dados ao CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) obtém a resposta necessária”. O CODU tem duas soluções: acciona um meio diferenciado, a SIV ou a VMER, para apoiar a viatura que está no terreno ou orienta a tripulação para o serviço de urgência mais próximo ou hospital.
Reserva de emergência
O vínculo das equipas da Viatura Médica de Emergência e Reanimação aos hospitais cria alguns problemas, pois, por vezes, devido às necessidades do dia-a-dia, os profissionais escalados para a VMER têm de assegurar outros serviços hospitalares. Recentemente, no acidente com um autocarro na zona da Covilhã, foi necessário apoio da base, em Coimbra. Segundo Paulo Varela, o procedimento “é normal” e a estrutura está preparada para responder às solicitações. “Temos duas viaturas preparadas para as eventualidades: uma delas, mais antiga, já foi uma VMER e, neste momento, funciona como reserva. Por outro lado, uma das novas VMER está sediada em Coimbra, sendo utilizada em situações distantes em que é necessária rapidez”, explica. O caso da Covilhã, afirma o enfermeiro de back office da Delegação Regional do Centro do INEM, “foi uma coincidência infeliz, pois a VMER da Covilhã estava inoperacional e as outras, à volta, Guarda e Castelo Branco, indisponíveis”. Mas o socorro chegou em segurança. A viagem até à Covilhã demorou hora e meia...Segurança é um dos mandamentos“O primeiro objectivo é a missão, a emergência médica”, esclarece Paulo Varela. Quando vai ao volante, o enfermeiro do INEM tem um segundo pensamento: “temos de chegar. Seja a dois quilómetros da base, na estrada de Eiras, em Coimbra, seja a 200 quilómetros”. Mas sempre em segurança. O núcleo de condução de emergência, esclarece, está a dar os primeiros passos, de modo a que formação seja efectuada no próprio instituto. O debate sobre a segurança “é permanente” e a maioria das propostas apontam para uma condução de emergência “cada vez mais defensiva”. A sinistralidade nos meios de emergência é elevada e ao INEM, garante Paulo Varela, “interessa evitar o acidente, de modo a assegurar a prestação do serviço e evitando os riscos para os profissionais e, também, para os outros utentes da via”. Na deslocação à Covilhã, Paulo Varela recorda que “andou rápido” quando teve de andar e abrandou quando foi necessário. “Levava o médico e o psicólogo... e no final do dia quero regressar a casa”, afirma. Antecipar as decisões dos outros condutores é regra de ouro na condução defensiva, que além de aumentar a segurança, diminui o desgaste e o consumo de combustível das viaturas.

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